terça-feira, 11 de agosto de 2009

A crise no congresso

Temos visto nos últimos meses uma verdadeira avalanche de denúncias envolvendo parlamentares do Congresso Nacional. Ainda que desvios de conduta sejam freqüentes entre nossos políticos, a ponto de nos habituarmos a eles, a quantidade de escândalos recentes salta aos olhos até mesmo dos mais alienados dos eleitores.
Os parlamentares usaram e abusaram das passagens áreas, das verbas de gabinete, dos telefones celulares, das omissões nas declarações de renda, nas nomeações de parentes e afilhados, nos atos secretos e na conta corrente secreta onde estão depositados milhões de reais. Em poucas palavras, parece bastante clara uma quebra generalizada de decoro parlamentar, a começar pelo Presidente do Senado Federal.
São tantos os envolvidos que, tendo em vista o corporativismo dos políticos, a principal tendência é que nenhum deles seja responsabilizado pelo que está acontecendo. Os escândalos se sucedem, as desculpas são apresentadas, promessas de mudanças são feitas e tudo deve ficar por isso mesmo, quer dizer, ninguém será cassado.
Creio que não passa de ilusão acreditar que os políticos atualmente são mais corruptos do que eram no passado. O que ocorre hoje é que a sociedade organizada e os meios de comunicação de massa estão mais bem preparados para descobrir e denunciar os desmandos. Da mesma maneira, esses grupos sociais estão em melhores condições para reivindicar mudanças institucionais, principalmente em situações de crise. Os políticos se acostumaram a atuar sem serem incomodados e cabe a nós, cidadãos, chamá-los à responsabilidade.
Uma medida que pode ser eficiente para coibir os abusos em todos os poderes e níveis é tornar públicas todas as contas governamentais. O cidadão tem o direito e o dever de saber exatamente como o seu dinheiro está sendo empregado. Todo dinheiro público, os contratos, os salários, os benefícios, os pagamentos, as verbas, tudo deve ser amplamente divulgado e transparente, ainda que apenas de forma eletrônica, via internet. Acredito que devemos envidar esforços para que isso seja implementado o quanto antes para que possamos ampliar nosso controle sobre os descontrolados políticos brasileiros.


O texto foi publicado no Jornal da Tarde.

http://txt.jt.com.br/editorias/2009/08/10/opi-1.94.8.20090810.1.1.xml

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Gripe suína

Poucas coisas são mais estúpidas do que o alvoroço em torno da gripe suína, um exemplo claro de como a imprensa pode fazer mal para a população.
Essa gripe é apenas mais uma doença, sem qualquer sinal de que venha provocar qualquer mortandade significativa. No Brasil morrem muito mais pessoas de gripe comum, caxumba, catapora, sarampo, febre amarela, doença de chagas, tuberculose, etc.
A principal diferença entre a gripe suína e essas outras enfermidades é que a gripe é doença de classe média, não de pobre. Quando a coisa atinge a classe média, a grita da imprensa se torna maior.
O que importa não quais doenças são mais letais e sim a qualidade de quem morre. Se for pobre, paciência, se for bacana, vira problema nacional.

O principal beneficiário dessa estridente papagaiada é o laboratório farmacêutico que vende o afamado Tamiflu, pretensamente o único capaz de conter o vírus h1n1. As ações da Roche nas bolsas de valores subiram muito desde que a gripe começou a ser divulgada na imprensa.

Vejam esse filminho:


http://www.youtube.com/watch?v=CcgCBiyGljM

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Collor está de volta - socorro

A crise do Senado está promovendo uma impressionante inversão de papéis. Na eleição presidencial de 1989 todos os candidatos eram de oposição e todos batiam com força no então presidente Sarney.
Os que mais bateram nele foram os que passaram ao segundo turno, Collor e Lula. Agora, passados 20 anos, os três se tornaram aliados, quase como se fossem amigos de infância. Com relação a Lula é possível compreender o seu esforço para manter Sarney, uma vez que a base governista no senado é pouco confiável e, em certa medida, Lula precisa do PMDB para governar.
O apoio ostensivo de Collor a Sarney é assustador. A maneira como o senador alagoano defendeu o presidente do senado dos ataques de Pedro Simon fez lembrar o velho Collor que parecia ter desaparecido. Olhos injetados, retórica violenta, agressividade além da medida, como um filme de terror de segunda classe, elle está de volta. SOCORRO!!!!